Questoes sobre Maquiavel e Hobbes

1. “A diferença entre o bom e o mau príncipe depende da crueldade bem ou mal utilizada”. A partir dessa afirmação, discorra brevemente sobre a idéia de política que transparece em O Príncipe, destacando os aspectos mais originais da concepção de Maquiavel sobre o poder e seu exercício.

Existem duas formas de governar, uma pelas leis e outra pela força, como a primeira não se mostra suficiente é indispensável a um príncipe que saiba utilizar de suas duas faces, a de homem e a de animal. Disso se segue que o príncipe não precisa ser piedoso, fiel, humano, integro e religioso, é melhor que não o seja de fato, pois assim estará pronto para agir da melhor forma sempre. Mas é importantíssimo que ele pareça ser para ser bem quisto por seu povo.

Maquiavel destaca a história de Severo que derrotou Negro com o auxílio de Albino e Albino por meio de traição velada como um ótimo exemplo de governante que soube utilizar a força sendo um leão feroz e a inteligência como uma astuta raposa, tornando-se temido e admirado por todos sem ser odiado pelas milícias. O príncipe deve esquivar-se de tudo aquilo que o faria odioso e desprezível evitando usurpar os bens e as mulheres de seus súditos. Antonio Caracalla, filho de severo foi um governante igualmente feroz, mas não soube ser tão astuto quanto seu pai, abusando da crueldade executando muitos romanos e toda
Alexandria tornando-se temido e odiado, esse teve um triste fim sendo executado por um centurião de suas próprias linhas.

Marco, Pertimax e Alexandre foram governantes que abusaram da humanidade, sendo justos e inimigos da crueldade, todos tiveram um fim rápido, assassinados logo no início de seus governos por revoltas populares ou traição.

Dessa forma Maquiavel afirma sua colocação anterior “Muitos foram os que conceberam repúblicas e principados que jamais foram vistos ou reconhecidos como tais. Há, porém, uma tão grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver,que aquele em detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer, mas aprende a cair em desgraça que a preservar a sua própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira manter-se permanentemente bom não poderá evitar a ruína, cercado de tantos que não o são. Assim é necessário a um príncipe que deseja manter-se príncipe aprender a não usar [apenas] a bondade, praticando-a ou não de acordo com as injunções.” Maquiavel, O Príncipe pg 73.

Dessa forma Maquiavel demonstra uma separação entre ética e política, o Príncipe nem sempre deve honrar
sua palavra, ele deve o fazer na medida do possível. Sempre que para evitar grande dor futura você tiver de causar uma pequena dor no presente é melhor que você o faça.

2. Discuta as razões pelas quais Hobbes considera que o soberano que emerge do Pacto deve ser absoluto.
Pelo direito de natureza, todos os homens têm direito a todas as coisas inclusive aos corpos dos outros.

Enquanto perdurar esse direito, nenhum homem pode gozar plenamente de sua vida. Para Hobbes, é uma regra geral da razão humana que todo homem deve buscar a paz enquanto tiver esperança de atingi-la, caso não seja possível, deve buscar então todas as vantagens na guerra.

Baseado na regra de que todos os homens devem buscar a paz na medida do possível, segue-se que o homem deve abdicar do seu direito natural a todas as coisas, quando todos também o fazem, para garantir a paz. Contentando-se então, com a mesma liberdade que permite aos outros.


Mas os homens não chegarão a esse consenso naturalmente, pois ninguém confia plenamente no outro, afinal não se pode ter certeza de suas reais intenções. Por tanto, deve haver um Estado forte, armado e que possa forçar os homens ao respeito.
Para criar o Estado é preciso que cada homem compactue com todos os outros em passar ao(s) governante(s) o direito de governar a tudo e a todos, nasce daí o leviatã. O poder por tanto, é soberano para garantir que ninguém possa contestar ou julgar o governante ou queira sair do pacto, pois se o puder fazer voltaríamos ao estado de caos.

3. Identifique as causas pelas quais Hobbes considera o Estado de Natureza um estado de guerra latente

A natureza faz dos homens praticamente iguais, dessa forma nenhum homem pode se diferenciar de outro para poder reclamar algo que o outro também não possa reclamar na mesma medida. Os homens são tão iguais que nenhum pode superar o outro de forma total, pois um não conhece os desejos dos outros, por tanto, os homens tentam prever as ações mais prudentes dos outros e, os outros as suas. Disso decorre que a ação mais razoável é atacar o outro, gerando a guerra de todos contra todos.

Configurada a igualdade quanto às capacidades, vamos introduzir a igualdade quanto às esperanças de atingir nossos fins. Quando dois homens desejam algo que não pode ser dos dois temos um conflito e como esse conflito é potencial a todo tempo, a única solução é antecipar-se e subjugar todos que puder, causando assim uma guerra que é de todos contra todos, na medida em que todos devem racionalmente agir da mesma forma.

O terceiro ponto de conflito entre os homens está na questão de um desprezar profundamente o outro, isso vem do fato de cada homem querer que o outro dê a ele o mesmo valor que ele atribui a si mesmo, sem atribuir esse mesmo valor ao outro, o que gera o conflito generalizado.

Disso decorrem três formas de conflito, o primeiro pelo lucro, o segundo pela segurança e o terceiro pela reputação. Sendo assim, sem um poder comum para regular os homens, esses estarão em guerra uns com os outros. No entanto, nem só de batalhas é construída uma guerra, mas também do tempo em que existe a disposição para a batalha. A guerra acontece na medida em que não há garantia de paz.